Deputadas estaduais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) receberam e-mails com ameaças de morte e estupro. As mensagens, de teor violento e ofensivo, citavam nominalmente algumas parlamentares. A deputada Andréa Werner (PSB), por exemplo, relatou que foi informada sobre o conteúdo por sua assessoria enquanto estava em Brasília.
“Minha assessora foi a primeira a ver e notou que todas as deputadas estavam copiadas. O conteúdo é extremamente violento, com ameaças detalhadas. Estou acostumada a ser xingada por ser ativista há muito tempo, mas nunca tinha recebido algo parecido”, afirmou.
A deputada Marina Helou (Rede) também condenou o ataque e destacou a necessidade de uma resposta institucional. “Foram ameaças literais e violentas. Isso exige investigação e acolhimento, pois é um ataque frontal à democracia e à participação das mulheres.”
Ambas as parlamentares já haviam sofrido ameaças antes, mas destacam que nunca com essa amplitude, envolvendo deputadas de diferentes espectros políticos. “É uma tentativa de intimidar e mostrar que esse espaço não deve ser ocupado por mulheres. Isso é inaceitável”, reforçou Helou.
Algumas deputadas preferiram não se manifestar publicamente. Outras estavam em compromissos e não conseguiram comentar o caso.
A deputada Ana Carolina Serra (Cidadania) divulgou nota de repúdio: “Manifesta-se o mais firme repúdio a toda e qualquer forma de violência e tentativa de intimidação dirigidas às deputadas”. Ela afirmou ainda que, por orientação jurídica, não comentará o caso até a conclusão das investigações.
O presidente da Alesp, André do Prado (PL), também se manifestou em nota, afirmando que “nenhuma agressão pode ser tolerada” e determinou o acionamento das polícias Civil e Militar.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo investiga um suspeito de 28 anos, que teve equipamentos eletrônicos apreendidos. O caso foi registrado como ameaça, injúria racial e falsa identidade pela assessoria da Polícia Civil junto à Alesp.
Em manifestação coletiva, as deputadas classificaram o episódio como “aviltante”. Segundo o texto, “trata-se de uma nítida tentativa de silenciar mulheres em um ataque misógino, racista e capacitista”. As parlamentares alertaram para a urgência de políticas públicas de enfrentamento à violência política de gênero.
Para Andréa Werner, é necessário repensar normas internas da Alesp para garantir segurança. “Muitas vezes achamos que esse tipo de coisa não é grave, mas dá medo. Na Alesp, não há como impedir a entrada de pessoas, mesmo com histórico de perseguição, sem uma ordem judicial. Isso precisa mudar.”
Ela lembrou que, assim como foi necessário instalar banheiros femininos no Senado apenas em 2016, a presença das mulheres na política exige mudanças estruturais. “Os homens não sofrem esse tipo de ameaça. Precisamos readequar as regras internas para garantir nossa segurança.”
Informações da Agência Brasil