Na Bahia, produtos tÃpicos dos festejos juninos, como milho e amendoim, estão com a produção garantida. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção AgrÃcola do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (LSPA/IBGE), a estimativa para 2021 é de uma produção 3,8 mil toneladas de amendoim, de 2,4 milhões de toneladas de milho e 861,5 mil toneladas de mandioca. É nessa perspectiva, de abastecer as festas e preservar a tradição, com os deliciosos produtos juninos, que famÃlias agricultoras continuam trabalhando. E esse é o exemplo de grupos de mulheres do Recôncavo Baiano.
Um desses é o Grupo de Mulheres Frutos da Terra, da Comunidade Quilombola Baixa Grande, em Muritiba e a Associação de Mulheres Regional Empreendedoras da Agricultura Familiar (AME), da comunidade Engenho de São João, municÃpio de Cruz das Almas.
Maria DionÃsia de Souza do Vale, presidente do Grupo de Mulheres Frutos da Terra, diz que o grupo começou quando as mulheres decidiram fazer o aproveitamento integral dos produtos da própria comunidade, para gerar renda e também integrar a juventude. Ela ressalta a importância de manter viva as tradições da comunidade, também na produção voltada para os festejos juninos, com produtos como os bolos de aipim, de puba e o bolo na palha da bananeira: “A valorização e a importância vão muito além de recordar os saberes ancestrais da nossa comunidade. Consideramos importante trabalhar com base nisso, no que nossos mais velhos sempre faziam, essas comidas e bebidas tÃpicas”.
O Grupo Frutos da Terra, que para as festas juninas tem o milho, o amendoim e a laranja, segue produzindo durante todo o ano diversos tipos de bolos e também mingaus, doce de jenipapo, banana e goiaba, cocadas e licores de jenipapo, amendoim, goiaba, tamarindo, maracujá e gengibre, além de salgados, pizzas e sorvete com derivados de aipim e trufas com frutos da terra, como a jaca. Atualmente, o grupo comercializa seus produtos por meio do Centro Público de Economia Solidária (Cesol), em municÃpios do Recôncavo e também em Salvador.
Já Almerinda Queiroz de Santana, mais conhecida como Mel, atual tesoureira da AME, explica que a associação trabalha ao longo do ano com o cultivo de produtos como aipim, inhame, batata doce, mamão e banana, dentre outros, mas que, neste perÃodo das festas juninas, como é tradição, não deixa faltar também o milho e o amendoim. Ela ressalta que as mulheres produzem também biscoitos, beijus, bolo de puba e de aipim e o bolo tradicional e uma diversidade de salgados à base de aipim e que estão se organizando para obter uma renda extra durante os festejos juninos, além de atender encomendas: “Estamos nos reunindo para neste perÃodo de festas juninas fazer vendas com entregas de bolos tradicionais e salgados diversos, aqui na região”.
A tesoureira da AME destaca a importância de polÃticas públicas, a exemplo da assistência técnica e extensão rural (Ater) e da parceria com o Cesol/Setre, entre outras, para a geração de renda e de conhecimento. A associação é também uma das selecionadas pelo projeto do Governo do Estado, Bahia Produtiva, que prevê a implantação de uma cozinha industrial comunitária. A comercialização da produção é feita também por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Em perÃodos em que as aulas na rede pública de ensino acontecem de forma regular, a AME fornece, para os municÃpios de Cruz das Almas e Santo Estêvão, produtos como chips de aipim, aipim palito e biscoitos, além de produtos in natura, como aipim, inhame, banana e mamão.
ATER Mulheres
As mulheres das comunidades de Engenho São João e a Quilombola de Baixa Grande estão entre as 540 mulheres atendidas pela assistência técnica e extensão rural (Ater), do Governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Social e Agrário do Semiárido (IDESA), organização contratada, via chamada pública da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
Por meio da Chamada Pública do ATER Mulheres, os grupos de mulheres são mobilizados e é realizado um diagnóstico das ações que devem ser executadas, a partir de demandas das comunidades. Entre os objetivos do serviço, estão priorizar questões de gênero e promover a geração de renda, o acesso a polÃticas públicas, o desenvolvimento rural sustentável, com enfoque agroecológico, a sustentabilidade socioambiental, e o acesso ao mercado, entre outros.
Bahia Produtiva
O projeto é executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), a partir de acordo de empréstimo com o Banco Mundial. O Bahia Produtiva seleciona e apoia ações para o fortalecimento de sistemas produtivos estratégicos como o da mandiocultura, ovinocaprinocultura, bovinocultura de leite, apicultura e meliponicultura e fruticultura.
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